Morreu hoje nos Estados Unidos o escritor, crítico e ensaísta John Updike, autor de mais de 50 livros e vencedor do Pulitzer e do National Book Awards, entre outros prêmios. A seguir, trechos de uma entrevista que fiz com ele para a revista Bravo em 2000:
“Sendo verdadeiro consigo mesmo e com sua versão particular da realidade, o escritor tem possibilidade de produzir um livro esclarecedor em benefício do próximo. Se fizer esforço demais para ser social, moral ou transcedental, corre o risco de produzir sermões sem vida, propaganda para uma coisa ou outra (…). Sempre se começa pelo pessoal, que é vital por si só.”
“Eu acho que os escritores sempre foram invejosos e fofoqueiros. Um escritor que não se interessa por fofoca não se interessa pela natureza humana. Quanto aos críticos, são os inimigos naturais dos escritores – da criatividade, da diversão.”
“Eu me interesso pelos protestantes do século 19 – Melville, Hawthorne, Henry James –, mas não vejo a utilidade de se pensar em si mesmo como pertencente a uma tradição étnica. Os Estados Unidos, como o Brasil, são uma nação de imigrantes e diversidade. São as idéias por trás do meu país, os conceitos de empreendimento e liberdade individual e como isso funciona na atualidade, que me interessam”
“Minhas histórias sobre a vida suburbana tentam descrever a vida adulta, e há muitos motivos para tristeza mesmo nas vidas adultas mais bem orientadas. Experiência traz consigo desilusão.”
“‘Moderno’ está em uso há muito tempo. Até ‘pós-moderno’ parece cansado. ‘Moderno’ fazia algum sentido quando Joyce, Eliot, Pound, Rilke, Kafka e outros estavam produzindo uma arte estranha e impressionantemente diferente – quando, para dizer de um jeito diferente, as velhas formas tinham se quebrado e não podiam mais conter vida e verdade. Em geral, ‘moderno’ é o que apela para nossa percepção do presente perigoso, e não para nosso apetite por nostalgia e pelo confiável convencional.”
“Gostaria de escrever menos e, mais do que nunca, escrever para me divertir.”
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