Michel Laub

Mês: setembro, 2016

Fim de semana

Um livro – A ascensão do romance, Ian Watt (Companhia de Bolso, 352 págs.).

Um disco – Schmilco, Wilco.

Um filme – Café Society, Woody Allen.

Uma adaptação fraca – Breves entrevistas com homens hediondos, John Krasinski.

Um documentário triste – Weiner, Josh Kriegman e Elyse Steinberg.

Egopress

– Meu novo romance, O Tribunal da Quinta-Feira, sai em novembro pela Companhia das Letras.

– Neste sábado, 24/9, às 15h, estarei com Sérgio Rodrigues numa das mesas da Tarrafa Literária, em Santos. Mais informações aqui.

Fim de semana

Um filme – Francofonia, Alexandr Sokúrov.

Outro – Moon, Duncan Jones.

Um disco – Skeleton Tree, Nick Cave.

Um discurso – Lionel Shriver sobre apropriação cultural (aqui).

Um romance – Meia-Noite e Vinte, Daniel Galera (Companhia das Letras, 208 págs.).

O álibi do monstro

Uma personagem de Simpatia Pelo Demônio, de Bernardo Carvalho (Companhia das Letras, 236 págs.), falando do personagem Ivánov, da peça homônima de Tchekhov:

“Você não entendeu nada. Quando ele se diz culpado, não está assumindo culpa nenhuma, ao contrário. Quando ele diz que é culpado, está se eximindo da culpa. E está se pondo no centro da ação (…). Só pode dizer que é culpado porque no fundo não sente culpa nenhuma. ‘Sou culpado’ é a frase perfeita, automática e vazia do irresponsável; é seu álibi, sua desculpa, além de ser uma contradição em termos. É a frase que define quem tem da culpa uma compreensão exterior, intelectual. O que ele está dizendo é: ‘Não posso fazer nada; estou condenado a ser monstro; faz parte da minha natureza, que eu não posso contrariar’. O amor que ele diz sentir pelos outros tem perna curta e termina sendo um enfado, porque está sempre aquém do amor que ele sente por si mesmo. E o amor dos outros por ele é a própria banalidade, o próprio lugar-comum, porque é natural, ele espera que todo mundo o ame, claro, já que encarna o sedutor por excelência. É impossível não amá-lo, você entende? Ele só pode amar uma mulher enquanto não tiver certeza de que ela lhe corresponde, enquanto ela guardar algum mistério, alguma opacidade, enquanto ela não sucumbir à banalidade de amá-lo como todas as outras, enquanto ela não cair no lugar-comum de se declarar, na vulgaridade de tornar transparentes os seus sentimentos. Ele é só a depuração mais extrema do que acaba se reproduzindo em maior ou menor grau em todo mundo. Somos todos mais ou menos Ivánov.”

Fim de semana

Um livro – Simpatia pelo Demônio, Bernardo Carvalho (Companhia das Letras, 236 págs.).

Outro – Como se Estivéssemos em Palimpsestos de Putas, Elvira Vigna (Companhia das Letras, 212 págs.).

Um disco – My Woman, Angel Olsen.

Um filme com uns poréns – Greenberg, Noah Baumbach.

Outro – Aquarius, Kleber Mendonça Filho.