Junichiro Tanizaki em Em Louvor da Sombra, de 1933 (Penguin Companhia, 72 págs., tradução de Leiko Gotoda):
“A maioria dos equipamentos modernos tende a favorecer os jovens e a produzir gradativamente uma era desumana para idosos. Vejam os leitores os semáforos, por exemplo: a partir do momento que tiverem de depender deles para atravessar cruzamentos, os idosos não poderão mais andar com confiança pelas ruas das cidades. Salvam-se apenas os velhos ricos que podem ser conduzidos de carro, mas eu mesmo fico com os nervos à flor da pele nas ocasiões em que tenho de ir a Osaka e, lá chegando, preciso atravessar uma rua. Para começar, o sinaleiro do tipo “Pare-Siga” é um foco de problemas: os instalados no meio da calçada são relativamente fáceis de ser visualizados, mas existem outros especialmente difíceis de ser detectados que ficam pisca-piscando luzes verdes e vermelhas em cantos inesperados, sem mencionar o perigo de confundi-los com os sinaleiros centrais em cruzamentos especialmente largos. E quando vi guardas ordenando o tráfego nas ruas de Kyoto, imaginei: este é o fim das cidades japonesas (…). Há quem preveja que, com o progresso da civilização, o sistema viário será transferido para o céu ou para baixo da terra, e que então as ruas voltarão a ser tranquilas como no passado. Mas é óbvio que se isso um dia acontecer, outros diabólicos inventos de tortura para idosos terão sido inventados. No final das contas, todos querem que idosos permaneçam quietos em seus lugares, e só nos resta ficar em casa ouvindo rádio, bebericando saquê e beliscando petiscos que nós mesmos preparamos.”
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