Michel Laub

Mês: março, 2015

Resumo do circo

– Ódio: o que o grupo político rival sente. Nós, ao contrário, somos cândidos e gostamos de ouvir o contraditório.

– Golpe: está constantemente sendo promovido pelo grupo rival na mídia, no judiciário, no aparelhamento de estatais, na doutrinação de escolas e universidades.

– Classe média: todo mundo é quando fala do próprio salário, ninguém é quando discute cultura ou moral.

Publicado na Folha de S.Paulo, 27/3/2015. Íntegra aqui.

Fim de semana

Um livro – Colapso, Jared Diamond (Record, 686 págs.).

Um ensaio – Antonio Xerxenesky sobre Michael Mann na Serrote.

Um filme ok – A teoria de tudo, James Marsh.

Uma exposição em Paris – Klimt, Pinacothèque.

Uma em Londres – desenhos de Goya, Courtauld Gallery.

Perguntas ao escritor

– Se seus livros não existissem, ia fazer alguma diferença para alguém além de você?

– Entre escrever um grande livro cujo tema magoará uma pessoa muito próxima e querida ou jamais escrever um grande livro, o que você escolheria?

Publicado na Folha de S.Paulo, 19-12-14. Íntegra aqui.

Egopress

Nesta terça (24/3), na esteira da programação da Feira do Livro de Paris, participo de dois eventos em Bordeaux com Ana Paula Maia, Daniel Galera e Paloma Vidal: às 14h, na Universidade Bordeaux-Montaigne, e às 18h, na livraria Mollat. A mediação será de Ilana Heineberg.

Fim de semana

Uma reportagem – Graeme Wood sobre o ISIS na Atlantic (aqui).

Um filme – Inherent vice, Paul Thomas Anderson.

Outro – O jogo da imitação, Morten Tyldum

Uma exposição de fototografia em Londres – Conflict-time, Tate Modern.

Outra – Salt and silver, Tate Britain.

Gritos de formiga

A “Audi magazine” fez uma enquete sobre a “conquista mais subestimada” de algumas áreas profissionais. Entre os entrevistados, o neurocientista Alysson Muotri citou o ato de lavar as mãos. Já o arquiteto Lourenço Gimenes, a invenção do elevador.

A resposta sobre a atividade literária é minha: aprender a desistir. Ou seja, identificar o momento em que o texto não pode mais ser melhorado em revisões obsessivas. Publicar um livro é assinar uma trégua com as próprias ambições e limites, incluindo aí talento e atração pela ruína hedonista.

Texto publicado na Folha de S.Paulo, 13-3-2015. Íntegra aqui.

Fim de semana

Uma exposição em Londres – Marlene Dumas, Tate Modern.

Outra – Joshua Reynolds, Wallace Collection.

Um clube – Ronnie Scott’s.

Um livro – Meus tempos de ansiedade, Scott Stossel (Companhia das Letras, 520 págs.).

Um perfil – Angela Merkel na Piauí (aqui, para assinantes).

Nick Cave comendo pizza

Duas cenas talvez explicassem “Nick Cave – 20.000 dias na terra”, de Iain Forsyth e Jane Pollard, caso o protagonista deste documentário/ficção fosse um artista previsível.A primeira é uma performance de “Jubilee Street”, faixa do disco “Push the sky away” (2013), que fala de temas da predileção do cantor e compositor australiano: paixão e desespero num cenário gótico de pequenas cidades tementes a um deus furioso, onde um solitário é assombrado por lembranças enquanto arrasta uma “catástrofe de 10 toneladas numa corrente de 30 quilos.”

A segunda traz Nick Cave comendo pizza e rindo enquanto vê um filme com os filhos.

Publicado na Folha de S.Paulo, 27/2/2015. Íntegra aqui.

Feiura e destruição

Se há acusação que não pode ser feita ao historiador americano Benjamin Moser, biógrafo de Clarice Lispector e autor do recém lançado e-book “Cemitério da esperança” (Cesárea, tradução de Eduardo Heck de Sá), é a de ser um escritor morno.

Para ele, Brasília é um “asilo gigante” cheio de “inovações banais e contraproducentes”. Seu setor hoteleiro lembra um “centro corporativo barato no subúrbio de Dallas”. As criações de Oscar Niemeyer, que “nunca conseguiu dizer não a um tirano”, parecem “algo que Kim Il Sung teria patrocinado após um namorico com a Cientologia.”

Publicado na Folha de S.Paulo, 7/12/2014. Íntegra aqui.