O Tribunal da Quinta-Feira
Orelha do meu novo romance, que chega às livrarias em 11 de novembro. Farei um lançamento dia 21, às 19h30, na Livraria da Vila da Lorena-SP.
Um publicitário conta segredos por e-mail ao melhor amigo. Os textos falam de sexo e amor, casamento e traição, usando termos e piadas ofensivas que ajudam a reconstituir uma longa crise pessoal. Quando a ex-mulher do protagonista faz cópias das mensagens e as envia para meia dúzia de destinatários, tem início o escândalo que está no centro deste romance explosivo.
O fio condutor da história, que une o destino dos personagens diante de um tribunal inusitado, são os reflexos tardios e ainda hoje incômodos da epidemia da aids. Mas não estamos diante de uma mera “história de doença”. Transposta dos anos 1980, quando causou um genocídio, para os tempos atuais, em que virou uma condição crônica controlada por medicamentos, a antiga “peste gay” segue como motor simbólico de implicações culturais e morais — e continua assunto tabu no humor de uma época de ideias políticas radicalizadas.
Autor com pleno domínio sobre sua linguagem e temas, Michel Laub percorre com coragem os delicados caminhos de O tribunal da quinta-feira. Numa dicção que brinca com jargões e clichês das mais diversas áreas — da medicina à pornografia, da autoajuda ao feminismo —, tem-se o aprimoramento da reflexão irônica e emocionada de seus dois livros anteriores, Diário da queda (2011) e A maçã envenenada (2013). O que está em jogo, mais uma vez, são os limites do que entendemos como tolerância. Para chegarmos a eles, contudo, é preciso ir além do que seria uma literatura palatável ou “correta” ao tratar de homofobia, assédio, violência. E também de empatia, desejo e liberdade.